O nascimento da Anna – Lívia e Raphael – Karol Felicio Fotografia de Parto

 

Certo que cada um tem o parto que precisa pra se transformar, mas sabe quando a gente deseja uma boa hora? Acho que a gente deseja isso aqui!

Uma mulher parindo no quarto, as crianças brincando pela casa, um companheiro ativo, participativo, mulheres acolhendo mulheres, como as comadres e vizinhas de antigamente…

Chama a parteira que está na hora! Profundo respeito e amor. Silêncio, sorrisos, abraços… Muitos abraços.

Um brinde no final. Gratidão, gratidão, gratidão!

Cromossomo do Amor – sobre descobrir a Síndrome de Down no Parto

Todos os exames foram feitos, nenhuma alteração foi observada. Mayara era uma gestante de baixo risco e, por isso, estava apta a viver seu parto domiciliar tão desejado. Foi ao olhar para Aurora, no seu primeiro minuto de vida, que Mayara percebeu que “alguma coisa não estava certa”, num primeiro momento. Aurora tem Síndrome de Down. E isso só foi descoberto no parto. Confirmado nos dias seguintes. Conheça essa história e apaixone-se.

Eu sou um apanhado das histórias que eu vivo, somos todos. Agradeço, com amor e respeito, a oportunidade que o universo me dá de testemunhar histórias transformadoras. Hoje, especialmente, eu transbordo gratidão por tudo que me cerca, por você que está lendo esse texto também. Espero que essa energia faça que seu dia seja preenchido de amor e luz. Se você ainda não conhece, eu te apresento Aurora, linda de viver.

 

Sindrome de Down descoberta no Parto
Quanto amor cabe nessa imagem? – Arquivo pessoal/Mayara

O histórico da Mayara era de parto extremamente rápido, o maior desafio da equipe era chegar a tempo. Eu já estaria satisfeita se conseguisse chegar. Mal sabia eu quanto amor viria pela frente. Mayara é uma mulher deslumbrante  (como vocês podem ver). Quando cheguei ela estava exatamente aí nesse chuveiro, com aquele barrigão, rindo entre uma contração e outra em pleno parto ativo. Em 10 minutos a Aurora viria ao mundo.

Mãe descobre Síntrome de Down no Parto - Karol Felicio
Trabalho de parto ativo – Minutos antes do nascimento – Foto: Karol Felicio

Ela veio naturalmente, empelicada (dentro da bolsa, que não rompeu), dentro da banheira, em casa, acolhida pelas mãos do papai, direto para o colo quentinho da mamãe, sob os cuidados das enfermeiras obstetras Telemi e Uiara. Foi lindo, eu estava extasiada, numa dimensão de puro amor, para onde os partos respeitosos me levam sempre. Eu realmente não conseguia observar nada, além de amor. Mas aos olhos atentos de uma mãe, nada passa despercebido. E Mayara sabia, antes de qualquer um, que alguma coisa tinha acontecido.

síndrome de down descoberta no parto
Ao olhar da mãe, nada passa despercebido. Foto: Karol Felicio

Neste domingo o jornal A Gazeta publicou uma matéria sobre essa história. No jornal impresso, no caderno Vida e Família e também online. O texto é da jornalista Paula Stange.

Clique aqui para ler a matéria: “Soube que minha filha tem Síndrome de Down no parto”

Se você não viu as fotos desse parto, confira aqui no clipe: 

Ah, e antes que me esqueça, um textinho que fiz pra Aurora no dia do seu nascimento. Sou grata. 

Aurora… Vem anunciar o sol, é como o nascer do sol, aquela que brilha como ouro. Sobrevoando os céus, anunciando um novo dia. Coisa de mitologia.

E vem pousar justamente aqui, porque não há outro lugar onde você poderia estar.

Veio baixando o volume, a velocidade, deixando a paz e o amor tomarem conta, bem devarzinho, porque é aos pouquinhos que a gente vai colocando as coisas no lugar.

No lugar onde sempre deveriam estar. No lugar onde você está. Porque não há outro lugar onde você deveria estar.

Aurora, não tem segredos, não tem mistérios, não tem conflitos. É fácil de escrever e de falar. É fácil de lembrar. É a simplicidade do seu nome quem dá o tom do dia que você veio anunciar.

E agora, exatamente aqui, no seio de sua mãe, onde mora o mar, uma mansidão, um oceano inteiro de amor a te embalar.

Porque não há outro lugar onde você poderia estar.

Karol Felicio – Fotopoesia de Parto 

 

Mãe descobre Síndrome de Down no Parto - Karol Felicio Fotografia de Parto
Foto: Karol Felicio
Mãe descobre Síndrome de Down no Parto - Karol Felicio Fotografia de Parto
Foto: Karol Felicio

 

 

{O Nascimento do Miguel} – Priscila e Leonardo – Parto Humanizado – Karol Felicio Fotografia de Parto

 

Canal, instrumento de manifestação da natureza, quatro elementos, força pulsante, dentro da energia serena que emana dela.

Se você estiver aberto, não passará em vão por ela. Conexão direta com a terra, finca mas não se apega. Quando sopra o vento, sente no rosto, arrepia a todos. Como a água se deixa fluir. E do fogo? Ela não queima, aquece. Com o olhar, sorriso e o abraço mais acolhedor que você poderá sentir.

Eu sabia que não sairia ilesa desse parto. Gratidão, Pri!

{O nascimento do Luca} – Camille & Juliano – Parto Humanizado –

 

É como se os bebês chegassem com uma caixa de presentes imaginária… uma caixa chamada missão.

Luca chegou. Tantos presentes ele vem trazendo… e terá uma vida para entregá-los.

Mal precisou-se abrir o laço. O anunciar de sua vinda já foi ombro, colo e abraço.

Luca permaneceu, como se dissesse, “Confia. Eu vim mesmo pra ficar”. E ficou.

E com ele uma família renasceu. Renasceu em amor, fé, alegria e esperança.

Todo bebê é um pequeno milagre de Deus. Ninguém explica mesmo… Ninguém explica.

Luca, seja essa luz 

 

O nascimento de Alina – Allana & Eduardo – Parto Humanizado – Karol Felicio Fotografia de Parto

Silenciar pra ajeitar as coisas no porão da nossa alma. A gente segue silenciando, pra poder seguir em frente.

Segue organizando – às vezes até entulhando – caixa sobre caixa, em gavetas que a gente já até perdeu a chave. Às vezes tem tanta coisa guardada…

[O grito]

O grito é uma lança afiada que vem estilhaçando silêncios e derrubando todas as caixas, subindo a poeira, arrebentando gavetas e escancarando as portas e janelas.

Grito é liberdade, amor e cura.

Tem dores que urgem serem gritadas, porque às vezes, dentro da gente, não tem nada mais ensurdecedor que o silêncio.

{O nascimento da Giovana} – Parto Domiciliar

 

Dor é coisa de cada um. Por aqui, parir não é tabu. As crianças chegam quando tem que chegar.
Quem vier com amor já pode entrar. Deixa as coisas na sala, passa um café, deita na rede.
Todo mundo em casa. Afeto aqui é coisa que não falta.

As meninas estão dormindo, amanhã tem aula. Mas se acordar, vem se juntar. Tem uma geração de mulheres e uma rede de apoio pra acompanhar.
Energia Feminina. Vovó acorda a tempo de ver Giovana chegar. Desculpa, pai, não deu pra te esperar.

Já tem cheiro de pão de queijo. Passa mais um café, arruma a mochila, que o sol raioi e o dia precisa recomeçar.
Giovana já é de casa. Liga a TV e dá um cantinho do sofá.

{O nascimento do João} – Parto Humanizado

 

Gente que é feita de sorriso.
Sorriso que transborda. Quando transborda irradia.
Sorrir muda a energia, muda o dia.

Quem tem sorriso na alma não precisa de piada. Sorrir é estado de graça.
E mesmo que não esteja fácil, tem sempre um sorriso estampado na cara
Porque quando a gente sorri, o universo sorri de volta.

Gratidão pelo sorriso que vocês brotaram em mim

O nascimento da Betina – Juliane e Neto – Parto Humanizado

 

Preguiça de gato em raio de sol.
Cozinha com cheiro de alho refogado.
Hortelã pimenta no quarto.

Da porta pra dentro, outra dimensão.
– Sândalo com patchouli –
Sob o olhar atento de Bastet. Deusa da fertilidade.

“Se a cabeça está aqui, onde está o coração?”. Auscuta.
Fragmentos de poder e suavidade.
Em tudo, espiritualidade.

Ronronar de prazer.
Elegância felina.
Sensualidade.

Movimentos atentos.
E o arrepiar dos pelos das costas.
Alerta no gatil.

Entardece. Anoitece.
[Hiato temporal]
Exaustão e movimento. Noturnos hábitos.

Briga entre o tempo e quem tenta controlá-lo.
Madrugada adentro.
Amanhece.

Aceita. Muda a rota. Confia.
Energia, vida, amor e paz. Mãos postas.
Betina vem – fecha os olhos, ri, chora. Agradece.

Karol Felicio – Fotopoesia de Parto

O nascimento do Mateus – Mariana – Parto Humanizado

 

Quando a gente deita o pescoço sobre o ombro de alguém,
E quando a gente encosta a lateral do rosto com a lateral do outro…
Quando nossos corpos estão colados e os pés flutuam e a gente não quer que essa música acabe nunca…
É lindo. É uma dança. Uma valsa, um xote, um samba… é o ultimo tango em Paris… É parir!
Sim, para a Mariana parir é dançar aquela música que a gente não quer que acabe. É tão especial

O nascimento do Pedro – Thamires e Felipe – Parto Humanizado

 

Mar calmo, vento leve, fogo brando… Thamires.
Não carrega mais a ansiedade e os exageros das mães de primeira viagem. Já se livrou do excesso de bagagem. Tem a serenidade e doçura na medida certa. Guarda sua família debaixo das asas, como uma velha matriarca, por trás do seu rosto de menina.
Viveu seus prodromos enquanto cuidava do mais velho. Criança não tem hora pra adoecer. Enquanto esperava o mais novo. Criança não tem hora pra chegar.
Internalizou toda a dor e todo o cansaço. Se acostumou a não incomodar.
Aceitou cada contração, viveu serenamente seu trabalho de parto. De coração aberto, se entregou.
Na hora certa, se deixou descontrolar. Libertou a leoa que vive dentro dela. Rugiu. Pariu.
Lambeu sua cria mais nova, acolheu a mais velha, abrigou toda a família debaixo de suas asas e voltou a ser: mar calmo, vento leve, fogo brando… Thamires.