O nascimento do Joaquim – Marcela & Bruno

 

Tinha cheiro de amor espalhado pelo corredor… era isso que eu ouvia quando saia da sala de parto por alguns momentos. As pessoas me olhavam curiosas, interessadas e embriagadas por aquela energia. É o início da humanização de parto no Hospital São Camilo, onde eu nasci, há 34 anos, quando o médico ainda era o protagonista do parto. Que orgulho de ver toda essa transformação!

Da porta da sala para dentro, era uma explosão de aromas, olhares, toques. Era o corpo de uma mulher se abrindo e um homem acolhendo suas dores, tentando pegar um pouco para si. Conexão com o corpo em potência máxima. Quanto maior a dor, maior a certeza que o bebê está chegando. É difícil internalizar isso, eu sei, já pari. Mas quando acontece é que acontece a mágica, o prazer em parir.

O prazer foi meu em poder compartilhar, acompanhar e registrar o momento mais importante da vida desse casal. Gratidão, mil vezes gratidão!

Joaquim, seja bem-vindo ao maior amor do mundo. Seu lar.

O nascimento do Arthur – Sara & Marcelo

Sara e Marcelo são amigos de outros carnavais… sempre assim, em dupla, queridos, divertidos e leves. Dizem que a gente pari como a gente vive, logo, a Sara não poderia parir de outro jeito.

Já era desejo da Sara curtir o trabalho de parto um pouco sozinha com o Marcelo. Mas estava nos planos acionar a equipe com certa antecedência.

Das pequenas cólicas que a Sara me descreveu pelo telefone à tarde, até perceberem que esse parto ia realmente acontecer naquele dia, não demorou muito. Some-se um tempo para curtirem sozinhos, mais um tempo para acionarem a equipe… pronto, não deu tempo de chegar nem doulas e nem fotógrafa!

Sara ainda estava com os olhos arregalados quando cheguei: “Amiga, não deu tempo!” ela disse. Como se quisesse ter nos esperado. Mas a natureza é assim, Sarita, sábia, perfeita e poderosa. E os partos, tenho aprendido, são como a gente precisa que eles sejam para que possamos renascer. Esse foi seu parto, intenso sim, mas leve, e rápido, como você.

Muito obrigada pela oportunidade! Seja bem vindo, Arthur

O nascimento da Iza

Cada luz acesa abriga histórias, em cada janela dessa cidade. O que vivem, sentem e sofrem, as pessoas que olham para a ponte? Histórias de amor e separação, estórias infantis, histórias de solidão. Enquanto, à luz de uma luminária, ela folheia um livro sem conseguir se ater às páginas, ele acende a luz da cozinha, à procura do pedaço de bolo que foi para o lixo às três da tarde. Enquanto um pai de família perde o olhar no infinito pensando em salvar a empresa que afunda, outro pai se depara com o olhar dos filhos na sala, enquanto traz a notícia que não gostaria de dar. Enquanto um casal abraçado no chão do banheiro não se conforma com mais uma tentativa frustrada, daqui dessa janela eu fotografo a ponte, enquanto espero a natureza agir no corpo de uma mulher que abriga mais um bebe que daqui a pouco nasce.