O nascimento do Davi – Ligia

 

A mesma doçura que a Lígia carregava no olhar, quando abriu a porta de sua casa para mim, há alguns meses, eu encontrei na sala de parto, em fase ativa, com quase 10 de dilatação.
Um olhar doce e um coração manso. Um ronronar de dor. Foram raros os momentos de descontrole. Essa é ela. E junto com ela o acolhimento delicado do Raphael, na medida certa, a medida dela, sem invadir. O toque constante de sua mão na pele dela demonstrava que ele apenas estava ali. E isso era tudo o que ela precisava.
Repassando as fotos, no dia seguinte ao parto, resgatando as sensações, um sorriso não saia do canto da minha boca enquanto reparava – contemplativamente – na cumplicidade discreta desse casal. Eles chamaram e o Davi veio.
Eles transbordaram toda a água represada. Eles eram um mar. A mansidão deu lugar a ondas volumosas de amor e lágrimas. O olhar fixo, forte e sereno do Davi no olhar dos pais – o imprinting, o re-conhecimento – e, ao mesmo tempo, o choramingar baixinho, me fez enxergar a força e a união desse trio. Sim, eles são um trio, um triângulo, equilátero, uniforme, complementar… Eles sempre foram.