Karol Felicio – Fotografia de Parto
contato@karolfelicio.com
Músicas: Every Breath: Gungor
Maternal: Maria angelica e Rafael Rharanaka
Karol Felicio – Fotografia de Parto
contato@karolfelicio.com
Músicas: Every Breath: Gungor
Maternal: Maria angelica e Rafael Rharanaka
É como se os bebês chegassem com uma caixa de presentes imaginária… uma caixa chamada missão.
Luca chegou. Tantos presentes ele vem trazendo… e terá uma vida para entregá-los.
Mal precisou-se abrir o laço. O anunciar de sua vinda já foi ombro, colo e abraço.
Luca permaneceu, como se dissesse, “Confia. Eu vim mesmo pra ficar”. E ficou.
E com ele uma família renasceu. Renasceu em amor, fé, alegria e esperança.
Todo bebê é um pequeno milagre de Deus. Ninguém explica mesmo… Ninguém explica.
Luca, seja essa luz ❤
Silenciar pra ajeitar as coisas no porão da nossa alma. A gente segue silenciando, pra poder seguir em frente.
Segue organizando – às vezes até entulhando – caixa sobre caixa, em gavetas que a gente já até perdeu a chave. Às vezes tem tanta coisa guardada…
[O grito]
O grito é uma lança afiada que vem estilhaçando silêncios e derrubando todas as caixas, subindo a poeira, arrebentando gavetas e escancarando as portas e janelas.
Grito é liberdade, amor e cura.
Tem dores que urgem serem gritadas, porque às vezes, dentro da gente, não tem nada mais ensurdecedor que o silêncio.
Dor é coisa de cada um. Por aqui, parir não é tabu. As crianças chegam quando tem que chegar.
Quem vier com amor já pode entrar. Deixa as coisas na sala, passa um café, deita na rede.
Todo mundo em casa. Afeto aqui é coisa que não falta.
As meninas estão dormindo, amanhã tem aula. Mas se acordar, vem se juntar. Tem uma geração de mulheres e uma rede de apoio pra acompanhar.
Energia Feminina. Vovó acorda a tempo de ver Giovana chegar. Desculpa, pai, não deu pra te esperar.
Já tem cheiro de pão de queijo. Passa mais um café, arruma a mochila, que o sol raioi e o dia precisa recomeçar.
Giovana já é de casa. Liga a TV e dá um cantinho do sofá.
Preguiça de gato em raio de sol.
Cozinha com cheiro de alho refogado.
Hortelã pimenta no quarto.
Da porta pra dentro, outra dimensão.
– Sândalo com patchouli –
Sob o olhar atento de Bastet. Deusa da fertilidade.
“Se a cabeça está aqui, onde está o coração?”. Auscuta.
Fragmentos de poder e suavidade.
Em tudo, espiritualidade.
Ronronar de prazer.
Elegância felina.
Sensualidade.
Movimentos atentos.
E o arrepiar dos pelos das costas.
Alerta no gatil.
Entardece. Anoitece.
[Hiato temporal]
Exaustão e movimento. Noturnos hábitos.
Briga entre o tempo e quem tenta controlá-lo.
Madrugada adentro.
Amanhece.
Aceita. Muda a rota. Confia.
Energia, vida, amor e paz. Mãos postas.
Betina vem – fecha os olhos, ri, chora. Agradece.
Karol Felicio – Fotopoesia de Parto
Quando a gente deita o pescoço sobre o ombro de alguém,
E quando a gente encosta a lateral do rosto com a lateral do outro…
Quando nossos corpos estão colados e os pés flutuam e a gente não quer que essa música acabe nunca…
É lindo. É uma dança. Uma valsa, um xote, um samba… é o ultimo tango em Paris… É parir!
Sim, para a Mariana parir é dançar aquela música que a gente não quer que acabe. É tão especial
Mar calmo, vento leve, fogo brando… Thamires.
Não carrega mais a ansiedade e os exageros das mães de primeira viagem. Já se livrou do excesso de bagagem. Tem a serenidade e doçura na medida certa. Guarda sua família debaixo das asas, como uma velha matriarca, por trás do seu rosto de menina.
Viveu seus prodromos enquanto cuidava do mais velho. Criança não tem hora pra adoecer. Enquanto esperava o mais novo. Criança não tem hora pra chegar.
Internalizou toda a dor e todo o cansaço. Se acostumou a não incomodar.
Aceitou cada contração, viveu serenamente seu trabalho de parto. De coração aberto, se entregou.
Na hora certa, se deixou descontrolar. Libertou a leoa que vive dentro dela. Rugiu. Pariu.
Lambeu sua cria mais nova, acolheu a mais velha, abrigou toda a família debaixo de suas asas e voltou a ser: mar calmo, vento leve, fogo brando… Thamires.
Fluidez… Moça de riso fácil e aparentemente despretensioso. Eu observo. A Isa transita. Falamos sobre o parto enquanto ela passeava entre interlocutores, respondendo aqui e ali, como não se prendesse muito a nada, como se não estivesse muito preocupada.
Entendi durante o parto, no dia seguinte. Despreocupação de quem bem sabe de quem estava cercada. A começar pelo Digo, história de pelos menos 10 anos atrás – e olha que eles só tem 27… mas parece que são parceiros há algumas vidinhas passadas… pra completar uma equipe de doulas e parteiras… uma orquestra de parto.
Sim! Como fossem músicos tocando juntos pela primeira vez e se descobrindo uma orquestra. Não teria sido mais encaixadinho se fosse ensaiado. Perfeita. Isa, mulher como regente. Isa vocalizava com maestria. com notas mais agudas ou mais graves, em melodia mais lenta ou mais apressada. Fazendo a gente respirar fundo ou então perder o ar. Fazendo nosso coração palpitar. E foi vocalizando – suave… baixo… mais forte … gostoso … intenso … nervoso … dramático … até ecoar, reverberar e trazer Samuel. Até se conhecerem e se reconhecerem naquele quarto quentinho, escurinho, protegido, cheio de amor e com cheiro de parto.
Sonhar, planejar, arquitetar…
Construir é edificar sob sólidos pilares, tijolo a tijolo até o resultado planejado.
É com as verdades, sob nosso ponto de vista, que solidificamos em fortes pilares as expectativas sobre o nosso parto. Afinal, achamos que nos conhecemos muito bem… até parir…
Escrever um plano de parto é um dos importantes passos para uma vivencia respeitosa. E rasgá-lo é o passo mais importante para que seja transformador.
Não existe solidez no parto. Os pilares estão lá para serem quebrados. O desafio é justamente se des-construir, virar ruínas e pó, e então deixar-se transformar.
Quem viveu esse parto viu que a palavra que o simboliza é: DES-CONS-TRU-ÇÃO. O que ninguém imagina é como foi para ela se desconstruir e jogar por terra tudo o que foi planejado.
Dani destruiu sua velha casa a marretadas, quando precisou mudar a rota não titubeou, deixou-se virar ruínas, se entregou, sem pose e sem pudor, rasgou o plano, quebrou os pilares, mudou a rota, fluiu…
Dani e Saulo, se desconstruíram juntos, fluíram, se fortaleceram, se complementaram. Força, beleza e amor. Agora são uma casa nova e uma casa cheia, porque abriga dentro de si o seu maior tesouro: Malu.
Helena, inesperada…
Em casa, parecia não faltar nada. Seis meses da Duda – que reinava absoluta e revolucionava. Enquanto Helena, anunciava sua chegada. Foi abrindo um espaço que sequer imaginava.
Helena, tão esperada!
Do grego Helené. De heláne, tocha. E então, Hélê, raio de sol. Helena é luz. É o raio de sol que precisava, pra florescer terra irrigada. Só podia brotar amor.
Helena, brisa. Duda, furacão.
Como pode uma mulher abrigar no mesmo ventre elementos tão diferentes? É que pouca gente sabe, Renata mora naquele olhar suave, mas dentro dela mora um tufão.