O nascimento do Davi – Ligia

 

A mesma doçura que a Lígia carregava no olhar, quando abriu a porta de sua casa para mim, há alguns meses, eu encontrei na sala de parto, em fase ativa, com quase 10 de dilatação.
Um olhar doce e um coração manso. Um ronronar de dor. Foram raros os momentos de descontrole. Essa é ela. E junto com ela o acolhimento delicado do Raphael, na medida certa, a medida dela, sem invadir. O toque constante de sua mão na pele dela demonstrava que ele apenas estava ali. E isso era tudo o que ela precisava.
Repassando as fotos, no dia seguinte ao parto, resgatando as sensações, um sorriso não saia do canto da minha boca enquanto reparava – contemplativamente – na cumplicidade discreta desse casal. Eles chamaram e o Davi veio.
Eles transbordaram toda a água represada. Eles eram um mar. A mansidão deu lugar a ondas volumosas de amor e lágrimas. O olhar fixo, forte e sereno do Davi no olhar dos pais – o imprinting, o re-conhecimento – e, ao mesmo tempo, o choramingar baixinho, me fez enxergar a força e a união desse trio. Sim, eles são um trio, um triângulo, equilátero, uniforme, complementar… Eles sempre foram.

O nascimento do Lucas – Ana Paula

 

Acho muito curiosa – e deliciosa – a energia que fica na gente, impregnada, depois de um parto.
Uma bailarina, foi isso que eu senti. A Ana deslizava, navegava… o Marcelo, era o porto onde ela ancorava. A bailarina não mostra, no semblante leve, a força que está brotando das suas entranhas, se a gente reparar bem, enxerga isso nos pés da bailarina – que tremem -, enxerga isso nas mãos da Ana, quando ela aperta e se aperta contra o peito do Marcelo.
Ana, por dentro vulcão, por fora, brisa.
Lucas chegou misturado em água e lágrimas, sorrisos e abraços, procurando o olhar da sua mãe, reconhecendo o pai. Laurinha logo chegou, para receber o irmão mais novo (a sua cara), cheia de curiosidade e ainda aprendendo a lidar com aquele turbilhão de sentimentos em seu coração de criança.
Eles riram, se abraçaram e ficaram naquele quarto, enquanto eu fechava a porta e me despedia, levando comigo essa brisa, essa leveza e esse amor, como um lindo presente, no dia do meu aniversário.

O nascimento do Rafael – Babi & Bruno

(meu primeiro parto)

 

Há poucos meses, Babi me convidou (leia-se “Intimou” rsrs) para fotografar o nascimento de Rafael, meu mais novo sobrinho. Em tempos de smartphone, meu último contato com fotografia “de verdade” foi há mais de 10 anos, ainda na faculdade.

Entrei em pânico! Além disso, seria meu primeiro contato direto com um parto. As chances de isso não dar certo eram enormes. Pensei, pensei, pensei e topei.

Contei com a mentoria da maravilhosa Carla Raiter que com sua paciência e generosidade me orientou para que eu tivesse a técnica e a tranquilidade necessárias para encarar essa missão.

Rafael veio ao mundo num parto domiciliar lindo e cheio de energia boa. Foram 145 imagens emocionantes selecionadas e editadas pela querida Carla.

Os pais amaram o resultado e não há recompensa maior!

Quer saber? Eu amei! Que venham os próximos!

Compartilho com vocês um pouco dessa emoção em algumas dessas fotos a seguir…

Gratidão a Babi e Bruno pela oportunidade 

O nascimento da Ivie – Cátia e Evandro

 

Mais um parto que me tira o fôlego. A força dessa mulher, o companheirismo desse marido, a união dessa família. A bebê chegou com o sol a pino, na casa dos avós, em Manguinhos. Era 12:38 do dia 02.03.16. Uma menina! Todos souberam apenas na hora… na hora também foi escolhido o seu nome “Ivie”, pelo irmão “mais velho” rs Cátia, Evandro e Vicente, como sou grata por essa oportunidade! Vovó Léa e vovô Paulo também acompanharam esse momento mágico. Acompanhados de perto pela experiência, carinho e tranquilidade passada pela enfermeira obstétrica Telemi Flor de Lira… uma flor mesmo! Ivie nasceu com 39 semanas e 5 dias… linda, perfeita, bochechuda, pesando 3,355 e medindo 50cm. OBS: João não parava de saltitar na minha barriga, com tanta ocitocina no ar! A seguir, 40 das quase 200 fotos desse parto incrível. Parir é um ato de amor ♥

O nascimento do Joaquim – Marcela & Bruno

 

Tinha cheiro de amor espalhado pelo corredor… era isso que eu ouvia quando saia da sala de parto por alguns momentos. As pessoas me olhavam curiosas, interessadas e embriagadas por aquela energia. É o início da humanização de parto no Hospital São Camilo, onde eu nasci, há 34 anos, quando o médico ainda era o protagonista do parto. Que orgulho de ver toda essa transformação!

Da porta da sala para dentro, era uma explosão de aromas, olhares, toques. Era o corpo de uma mulher se abrindo e um homem acolhendo suas dores, tentando pegar um pouco para si. Conexão com o corpo em potência máxima. Quanto maior a dor, maior a certeza que o bebê está chegando. É difícil internalizar isso, eu sei, já pari. Mas quando acontece é que acontece a mágica, o prazer em parir.

O prazer foi meu em poder compartilhar, acompanhar e registrar o momento mais importante da vida desse casal. Gratidão, mil vezes gratidão!

Joaquim, seja bem-vindo ao maior amor do mundo. Seu lar.

O nascimento do Arthur – Sara & Marcelo

Sara e Marcelo são amigos de outros carnavais… sempre assim, em dupla, queridos, divertidos e leves. Dizem que a gente pari como a gente vive, logo, a Sara não poderia parir de outro jeito.

Já era desejo da Sara curtir o trabalho de parto um pouco sozinha com o Marcelo. Mas estava nos planos acionar a equipe com certa antecedência.

Das pequenas cólicas que a Sara me descreveu pelo telefone à tarde, até perceberem que esse parto ia realmente acontecer naquele dia, não demorou muito. Some-se um tempo para curtirem sozinhos, mais um tempo para acionarem a equipe… pronto, não deu tempo de chegar nem doulas e nem fotógrafa!

Sara ainda estava com os olhos arregalados quando cheguei: “Amiga, não deu tempo!” ela disse. Como se quisesse ter nos esperado. Mas a natureza é assim, Sarita, sábia, perfeita e poderosa. E os partos, tenho aprendido, são como a gente precisa que eles sejam para que possamos renascer. Esse foi seu parto, intenso sim, mas leve, e rápido, como você.

Muito obrigada pela oportunidade! Seja bem vindo, Arthur