Cromossomo do Amor – sobre descobrir a Síndrome de Down no Parto

Todos os exames foram feitos, nenhuma alteração foi observada. Mayara era uma gestante de baixo risco e, por isso, estava apta a viver seu parto domiciliar tão desejado. Foi ao olhar para Aurora, no seu primeiro minuto de vida, que Mayara percebeu que “alguma coisa não estava certa”, num primeiro momento. Aurora tem Síndrome de Down. E isso só foi descoberto no parto. Confirmado nos dias seguintes. Conheça essa história e apaixone-se.

Eu sou um apanhado das histórias que eu vivo, somos todos. Agradeço, com amor e respeito, a oportunidade que o universo me dá de testemunhar histórias transformadoras. Hoje, especialmente, eu transbordo gratidão por tudo que me cerca, por você que está lendo esse texto também. Espero que essa energia faça que seu dia seja preenchido de amor e luz. Se você ainda não conhece, eu te apresento Aurora, linda de viver.

 

Sindrome de Down descoberta no Parto
Quanto amor cabe nessa imagem? – Arquivo pessoal/Mayara

O histórico da Mayara era de parto extremamente rápido, o maior desafio da equipe era chegar a tempo. Eu já estaria satisfeita se conseguisse chegar. Mal sabia eu quanto amor viria pela frente. Mayara é uma mulher deslumbrante  (como vocês podem ver). Quando cheguei ela estava exatamente aí nesse chuveiro, com aquele barrigão, rindo entre uma contração e outra em pleno parto ativo. Em 10 minutos a Aurora viria ao mundo.

Mãe descobre Síntrome de Down no Parto - Karol Felicio
Trabalho de parto ativo – Minutos antes do nascimento – Foto: Karol Felicio

Ela veio naturalmente, empelicada (dentro da bolsa, que não rompeu), dentro da banheira, em casa, acolhida pelas mãos do papai, direto para o colo quentinho da mamãe, sob os cuidados das enfermeiras obstetras Telemi e Uiara. Foi lindo, eu estava extasiada, numa dimensão de puro amor, para onde os partos respeitosos me levam sempre. Eu realmente não conseguia observar nada, além de amor. Mas aos olhos atentos de uma mãe, nada passa despercebido. E Mayara sabia, antes de qualquer um, que alguma coisa tinha acontecido.

síndrome de down descoberta no parto
Ao olhar da mãe, nada passa despercebido. Foto: Karol Felicio

Neste domingo o jornal A Gazeta publicou uma matéria sobre essa história. No jornal impresso, no caderno Vida e Família e também online. O texto é da jornalista Paula Stange.

Clique aqui para ler a matéria: “Soube que minha filha tem Síndrome de Down no parto”

Se você não viu as fotos desse parto, confira aqui no clipe: 

Ah, e antes que me esqueça, um textinho que fiz pra Aurora no dia do seu nascimento. Sou grata. 

Aurora… Vem anunciar o sol, é como o nascer do sol, aquela que brilha como ouro. Sobrevoando os céus, anunciando um novo dia. Coisa de mitologia.

E vem pousar justamente aqui, porque não há outro lugar onde você poderia estar.

Veio baixando o volume, a velocidade, deixando a paz e o amor tomarem conta, bem devarzinho, porque é aos pouquinhos que a gente vai colocando as coisas no lugar.

No lugar onde sempre deveriam estar. No lugar onde você está. Porque não há outro lugar onde você deveria estar.

Aurora, não tem segredos, não tem mistérios, não tem conflitos. É fácil de escrever e de falar. É fácil de lembrar. É a simplicidade do seu nome quem dá o tom do dia que você veio anunciar.

E agora, exatamente aqui, no seio de sua mãe, onde mora o mar, uma mansidão, um oceano inteiro de amor a te embalar.

Porque não há outro lugar onde você poderia estar.

Karol Felicio – Fotopoesia de Parto 

 

Mãe descobre Síndrome de Down no Parto - Karol Felicio Fotografia de Parto
Foto: Karol Felicio
Mãe descobre Síndrome de Down no Parto - Karol Felicio Fotografia de Parto
Foto: Karol Felicio

 

 

Parto Natural: como aliviar a dor em 08 passos

 

 

Vou começar essa matéria com uma coisa que, se você não sabe, você precisa saber. Amiga, parir dói! Pronto, passamos a parte mais difícil da matéria. O resto vai ser mais fácil, pode acreditar. Ah, e no item 04 você vai perceber que a dor é relativa e subjetiva…. vamos lá?

Bem, colocando cada coisa em seu lugar: Parto Normal não é, necessariamente, Parto Natural. Quando uma mulher opta por um parto natural, ela opta por um parto vaginal sem intervenções farmacológicas como anestesia ou substâncias para acelerar o trabalho de parto.

Num parto natural a mulher tem maior escuta sobre seu corpo e consegue conduzir com melhor consciência o nascimento de seu bebê. A dor, portanto, faz parte desse processo. Mesmo assim, o parto natural vem ganhando cada vez mais adeptas.

“Um crescimento na busca pelo parto natural vem acontecendo nas últimas décadas e isso é fruto de maior informação por parte das pacientes sobre o processo de transformação da mulher em mãe. À medida em que domina o que ocorre com seu corpo, a mulher consegue enveredar por essa linda e recompensadora jornada” – Amanda Vieira – Ginecologista Obstetra

O parto natural exclui o uso de substâncias medicamentosas para alívio da dor, no entanto outros métodos são utilizados com essa função. De qualquer forma, mesmo em um parto normal com uso de analgesia, é provável que você sinta dor em alguns momentos, porque você não vai estar sob efeito de analgesia durante todo o processo (obs: é o que esperamos!).

Portanto, consultamos alguns especialistas e falaremos sobre algumas ações que contribuem para o alívio da dor no parto. Seguem abaixo:

  1.  Escolher a sua posição para parir
Como aliviar a dor no parto. Foto: Karol Felicio
Quatro apoios, assim como sentada na banqueta ou outras posições verticalizadas são mais fisiológicas. O que não quer dizer que você não possa parir deitada se assim você (e não seu obstetra) desejar.

 

“A melhor posição para parir é estritamente e absolutamente a posição escolhida pela parturiente. Sempre temos uma inclinação à posição vertical por ajuda da gravidade, mas cada parto e escolha são únicos” – Observa Amanda Vieira, ginecologista obstetra.

 

2. Ter uma Doula:

A palavra Doula vem do grego e significa “mulher que serve”. Continue reading “Parto Natural: como aliviar a dor em 08 passos”

{O nascimento da Giovana} – Parto Domiciliar

 

Dor é coisa de cada um. Por aqui, parir não é tabu. As crianças chegam quando tem que chegar.
Quem vier com amor já pode entrar. Deixa as coisas na sala, passa um café, deita na rede.
Todo mundo em casa. Afeto aqui é coisa que não falta.

As meninas estão dormindo, amanhã tem aula. Mas se acordar, vem se juntar. Tem uma geração de mulheres e uma rede de apoio pra acompanhar.
Energia Feminina. Vovó acorda a tempo de ver Giovana chegar. Desculpa, pai, não deu pra te esperar.

Já tem cheiro de pão de queijo. Passa mais um café, arruma a mochila, que o sol raioi e o dia precisa recomeçar.
Giovana já é de casa. Liga a TV e dá um cantinho do sofá.

O nascimento da Betina – Juliane e Neto – Parto Humanizado

 

Preguiça de gato em raio de sol.
Cozinha com cheiro de alho refogado.
Hortelã pimenta no quarto.

Da porta pra dentro, outra dimensão.
– Sândalo com patchouli –
Sob o olhar atento de Bastet. Deusa da fertilidade.

“Se a cabeça está aqui, onde está o coração?”. Auscuta.
Fragmentos de poder e suavidade.
Em tudo, espiritualidade.

Ronronar de prazer.
Elegância felina.
Sensualidade.

Movimentos atentos.
E o arrepiar dos pelos das costas.
Alerta no gatil.

Entardece. Anoitece.
[Hiato temporal]
Exaustão e movimento. Noturnos hábitos.

Briga entre o tempo e quem tenta controlá-lo.
Madrugada adentro.
Amanhece.

Aceita. Muda a rota. Confia.
Energia, vida, amor e paz. Mãos postas.
Betina vem – fecha os olhos, ri, chora. Agradece.

Karol Felicio – Fotopoesia de Parto

O nascimento do Samuel – Parto domiciliar

 

Fluidez… Moça de riso fácil e aparentemente despretensioso. Eu observo. A Isa transita. Falamos sobre o parto enquanto ela passeava entre interlocutores, respondendo aqui e ali, como não se prendesse muito a nada, como se não estivesse muito preocupada.
Entendi durante o parto, no dia seguinte. Despreocupação de quem bem sabe de quem estava cercada. A começar pelo Digo, história de pelos menos 10 anos atrás – e olha que eles só tem 27… mas parece que são parceiros há algumas vidinhas passadas… pra completar uma equipe de doulas e parteiras… uma orquestra de parto.

Sim! Como fossem músicos tocando juntos pela primeira vez e se descobrindo uma orquestra. Não teria sido mais encaixadinho se fosse ensaiado. Perfeita. Isa, mulher como regente. Isa vocalizava com maestria. com notas mais agudas ou mais graves, em melodia mais lenta ou mais apressada. Fazendo a gente respirar fundo ou então perder o ar. Fazendo nosso coração palpitar. E foi vocalizando – suave… baixo… mais forte … gostoso … intenso … nervoso … dramático … até ecoar, reverberar e trazer Samuel. Até se conhecerem e se reconhecerem naquele quarto quentinho, escurinho, protegido, cheio de amor e com cheiro de parto.

O nascimento do João – Jaque

A medida do amor
Só a gente sabe o que carrega em nosso coração. Sentimentos que nem nossos pais, nem nossos filhos, muitas vezes, conseguirão acessar. Às vezes a gente precisa apertar o “pause” no controle da vida e reiniciar para as atualizações necessárias. O parto, muitas vezes, é o pause que a gente precisava. O universo não falha e a divindade age de forma intensa nos partos.
A gente, mulher que está parindo, é a principal beneficiada pela transformação que um parto causa. É no parto que nos defrontamos com nossas características e hábitos marcantes, é o parto que nos mostra o que em nós precisa morrer e o que merece ser tomado para nós, enquanto donas de nossas escolhas. Mas esse parto – domiciliar – não planejado pela Jaque – planejado pelo universo – foi generoso com a família toda. Veio resignificar relações, abrir espaço para a entrega, deixar o amor conduzir.
E como foi para essa mulher ver seu plano de um parto hospitalar ser mudado de última hora, como foi lidar com uma situação tão inesperada?
Foi… leve! Exatamente como ela é!
A Jaque é leve e deixa tudo mais leve por onde passa. Quando ela sorri, tudo envolta flutua um pouquinho acima do chão. A Jaque fluiu, junto com o parto… e fluiu tão suavemente que não deu tempo de dar entrada no hospital, nem de colocar as malas no carro, nem do marido chegar… Ela estava ali na casa dos pais e foi de mãos dadas com eles que viveu a maior parte do seu trabalho de parto.
Suave. Fluido. Leve… como ela. Não foi planejado, como não foi em vão. Era pra ser exatamente assim.
João chegou num verdadeiro lar. Com cheiro do almoço que a avó preparava. Cheiro de café – com amor e sem cafeína. Com a alegria do avô, que extravasava. O pai vindo de carro, de outra cidade, tentando conter a ansiedade, trazendo o irmão que apaixonou-se à primeira vista. Olhou, abraçou, cheirou, cortou o cordão, acompanhou atento a pesagem, os primeiros cuidados, tomou para si, desde o primeiro minuto, o papel de cuidar do irmão mais novo. Quanto cuidado! Quando amor!
O amor na medida em que cada um precisava. O amor foi o grande protagonista desse parto.

O nascimento da Marina – Pri & Odecio

 

“Marina quer nascer”

Assim, Pricilla solicitou a presença da equipe em sua casa. Essa frase diz tanto… Diz sobre o respeito em esperar a hora que seu filho está pronto para vir e embarcar nessa aventura que é a vida. Ela já é mãe de dois, já criou os calos que nos ensinam a estar sempre prontas. Ela estava pronta. Agora, Marina também estava. As duas deram as mãos para fazer essa travessia.

A frase ecoava enquanto eu corria contra o tempo em direção à casa dela.

Três passos apartamento adentro e não existia mais mundo lá fora… respeitosamente e pisando mansinho, eu entrava no universo dela. Uma energia acolhedora me envolveu, como um abraço onipresente. Arrepio o corpo inteiro a todo instante. Casa cheia de vida, parede riscada, brinquedo no chão. Casa com cheiro de vida. E de laranja doce com lavanda. Todos os sentidos aguçados.

Em volta, marido e uma rede de mulheres, silenciosamente poderosas, parteiras, doulas… mulheres que servem mulheres, rede de apoio, cuidado, proteção e respeito. No centro, Pricilla, de olhos fechados, lábios cerrados, respiração lenta e profunda, em seu universo interior.

O universo dela tem pés no chão, tambores, danças, mantras, chás, velas, pedras, patuás, folhas, fogo e água. Água em que ela submerge agora,. De coração e braços abertos para um “aceitar” a dor, quase um “ansiar” por essa dor… que abre os nossos ossos, que nos parte no meio, nos vira do avesso, nos transforma e nós entrega nos braços o maior amor de nossas vidas.

Da água para a água, do ventre para as mãos seguras de sua mãe, acolhida no peito, envolta pelos braços da mãe, sob o olhar protetor do pai, debaixo de um teto de amor e respeito, esperando pelos irmãos que já já iria conhecer.

Amor. Marina.

O nascimento do Rafael – Babi & Bruno

(meu primeiro parto)

 

Há poucos meses, Babi me convidou (leia-se “Intimou” rsrs) para fotografar o nascimento de Rafael, meu mais novo sobrinho. Em tempos de smartphone, meu último contato com fotografia “de verdade” foi há mais de 10 anos, ainda na faculdade.

Entrei em pânico! Além disso, seria meu primeiro contato direto com um parto. As chances de isso não dar certo eram enormes. Pensei, pensei, pensei e topei.

Contei com a mentoria da maravilhosa Carla Raiter que com sua paciência e generosidade me orientou para que eu tivesse a técnica e a tranquilidade necessárias para encarar essa missão.

Rafael veio ao mundo num parto domiciliar lindo e cheio de energia boa. Foram 145 imagens emocionantes selecionadas e editadas pela querida Carla.

Os pais amaram o resultado e não há recompensa maior!

Quer saber? Eu amei! Que venham os próximos!

Compartilho com vocês um pouco dessa emoção em algumas dessas fotos a seguir…

Gratidão a Babi e Bruno pela oportunidade 

O nascimento da Ivie – Cátia e Evandro

 

Mais um parto que me tira o fôlego. A força dessa mulher, o companheirismo desse marido, a união dessa família. A bebê chegou com o sol a pino, na casa dos avós, em Manguinhos. Era 12:38 do dia 02.03.16. Uma menina! Todos souberam apenas na hora… na hora também foi escolhido o seu nome “Ivie”, pelo irmão “mais velho” rs Cátia, Evandro e Vicente, como sou grata por essa oportunidade! Vovó Léa e vovô Paulo também acompanharam esse momento mágico. Acompanhados de perto pela experiência, carinho e tranquilidade passada pela enfermeira obstétrica Telemi Flor de Lira… uma flor mesmo! Ivie nasceu com 39 semanas e 5 dias… linda, perfeita, bochechuda, pesando 3,355 e medindo 50cm. OBS: João não parava de saltitar na minha barriga, com tanta ocitocina no ar! A seguir, 40 das quase 200 fotos desse parto incrível. Parir é um ato de amor ♥